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Trigésima terceira noite

Written by: Hans Christian Andersen

“Gosto demais de crianças”, disse a Lua. “As crianças são verdadeiras, não conseguem dissimular nada! À noite, é tão bom espiá-las ao se prepararem para dormir, mas somente quando elas não me percebem. É tão puro e delicado vê-las trocando de roupas. De sua roupa primeiro saem os ombros depois dois pequenos braços, depois disso tiram as meias e posso ver aquelas perninhas roliças e aqueles pezinhos gorduchos. Sempre quero beijá-los e o faço. Tenho certeza que muitas outras pessoas também. Mas o que eu estava querendo contar é outra coisa. Como sempre, espiei através de uma janela. A cortina não foi fechada porque ninguém poderia olhar para dentro da casa, pois ali na vizinhança não morava ninguém. Havia muitos meninos da mesma família e somente uma menina. Apesar de seus quatro anos de idade sabia rezar tão bem quanto os outros. Sua mãe ouve suas orações todas as noites sentada aos pés de sua cama. Quando ela termina, a mãe dá-lhe um beijo e vai até o berço do menorzinho que já dorme há muito tempo. Nessa noite as crianças estavam por demais acesas pulavam nas camas fingiam-se de estátua grega causando o maior alvoroço. De repente cansaram-se. Pegaram os lençóis que haviam brincado, dobraram-nos e puseram sobre a cadeira para não deixarem a mãe brava. Não demorou muito ela entrou no quarto, sentou-se ao pé da cama e pediu que todos fizessem silêncio enquanto a garotinha rezava. Eu estava encantada com aquela garotinha, tão séria e responsável ajoelhada sobre uma colcha branca. Na posição de oração começou a rezar o Pai-Nosso, seus irmãos a seguiam. Quando terminou a oração sua mãe lhe perguntou: Filha venho percebendo que ao terminar de rezar a Deus e pedir o pão nosso de cada dia, você diz mais alguma coisa. Tenho me esforçado para compreender, mas não consigo. O que você diz? A menina muito envergonhada abaixou os olhos e nada respondeu, mas sua mãe insistiu: diga, estou curiosa! Sabe, eu lembro ao `Papai do Céu que não se esqueça de passar manteiga no pão nosso de cada dia...

© Todos os direitos reservados a H.C Andersen Institutte ®

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