Written by: Hans Christian Andersen
A Rainha da Neve 👑❄️ - 4° Parte
A velha senhora ficou admirada ao ver Gerda e disse: como conseguiu chegar até aqui, arrastada por essa correnteza podendo ser carregada pelo mundo sem fim. Imediatamente aproximou-se do barco e com sua bengala puxou o barco para a margem, ajudando Gerda a sair dele.
Gerda nĂŁo sabia se ficava contente por ter se livrado daquela correnteza, porque lá no seu Ăntimo estava com medo daquela criatura tĂŁo estranha.
Levando Gerda para dentro de sua casa ela perguntou: - Como vocĂŞ veio parar aqui? De onde vocĂŞ Ă©? A velha senhora, muito estranha parecia interessada na histĂłria de Gerda. Sem demora ela sentou-se em um pequeno banco e contou-lhe toda sua histĂłria. Uma pergunta nĂŁo queria se calar: essa senhora havia visto Kay? Ele havia passado por ali? A velha disse que nĂŁo, mas que certamente um dia passaria, enquanto isso Gerda deveria aproveitar do belo jardim que ela tinha, com as mais belas flores, nunca antes vistas. Dito isso trancou a porta.
A casa também era estranha: janelas muito altas, com vidraças azuis, vermelhas e amarelas. No interior da casa, por causa das cores das janelas e a luz do sol davam ao interior um efeito estranho. Sobre a mesa havia uma vasilha com cerejas muito apetitosas e Gerda pôs-se a comê-las com muito prazer. Enquanto ela saboreava as cerejas a velha começou pentear-lhe os cabelos com um pente de ouro. Gerda tinha um lindo cabelo que reluzia ao sol.
– Eu sempre quis ter uma garotinha como essa, – disse a velha. Tenho certeza que seremos muito boas amigas.
Quanto mais a velha penteava seus cabelos, mais Gerda se esquecia de Kay. Como vocĂŞs podem imaginar, na verdade ela era uma bruxa! Ela tinha poderes mágicos. Ela nĂŁo era de todo má, apenas usava de seus poderes para sua felicidade e realmente queria ficar com Gerda. Assim, foi atĂ© seu jardim e com sua bengala ordenou que todas as roseiras desaparecessem. Por que ela fez isso? Por medo de que, se Gerda visse as rosas, pudesse se lembrar de Kay e querer ir embora. Ela nĂŁo queria que Gerda saĂsse de sua casa nunca mais.
Depois disso levou Gerda para o jardim e a deixou brincando lá entre as flores imagináveis, durante todo o dia. Gerda estava feliz, brincou muito e, ao fim do dia sentiu-se cansada. A velha preparou-lhe uma cama muito macia, com cobertores de seda e enfeitado com flores. Ela adormeceu e teve lindos sonhos de rainha.
Ao amanhecer, lá estava Gerda outra vez brincando no meio das flores, mas algo estranho acontecia, ela sentia falta de alguma coisa, mas não sabia dizer o quê. Certo dia ao observar o chapéu da velha senhora que em suas abas trazia lindas flores, foi despertada para a mais bela delas: uma rosa. As rosas da terra haviam desaparecido, mas... a do chapéu ficou!
Imediatamente Gerda “acordou” : – Não há rosas aqui?
Gerda começou a correr entre os canteiros a procura de uma rosa. NĂŁo encontrou nenhuma. Muito triste, sentou-se no chĂŁo e começou a chorar. Suas lágrimas caĂram na terra exatamente onde uma das roseiras havia desaparecido. Imediatamente ela brotou e lindas rosas surgiram dela. Um perfume maravilhoso exalava de cada uma das rosas, Gerda as beijou e imediatamente lembrou-se de sua casa de seu amigo Kay.
Assim Gerda se deu conto de que permaneceu ali por tempo demais. Perguntou às roseira se Kay estava morto. – Morto ele não está, estivemos nas profundezas da terra e não o vimos por lá. Gerda foi de canteiro em canteiro perguntando se as flores haviam visto Kay. As flores, mais preocupadas com elas e com suas histórias, de fato não sabiam onde Kay estava.
Gerda ouviu muitas histĂłrias, a primeira foi do lĂrio tigrino. Sua histĂłria vinha da ĂŤndia e flava sobre um funeral. O canto dos tambores e o canto triste das mulheres e as chamas que consumiam o corpo. Mas a mulher indu ardia por alguĂ©m que estava vivo. As chamas eram tĂŁo intensas que atingiam seu coração. PorĂ©m, em muito pouco tempo, tudo estaria consumido inclusive seu coração que ardia por um outro. Em pouco tempo tudo seria cinza. Será que as chamas de um coração podem morrer com as chamas da fogueira?
– NĂŁo consigo entender sua histĂłria! – Pois Ă© a que tenho respondeu o lĂrio!
A segunda história é a da corriola. Num pequeno atalho da montanha, pendurado em suas encostas um castelo feudal pode ser avistado. As muralhas vermelhas estão cobertas por eras. Elas subiam até um balcão onde uma bela moça olhava ao longe. Nada havia de mais belo do que essa jovem! Seu vestido de seda fazia um suave barulho. “Onde ele estará? Por que não vem?”
– Fala de Kay? – Perguntou Gerda?
–Não, falo sobre minha própria história, sobre meu sonho, –respondeu a corriola.
A terceira história é contada pelo galanto. Em um balanço duas lindas meninas com vestidos muito brancos e laços de fita no chapéu estão balançando. O irmão delas está em pé no balanço segurando em uma das mãos uma tigela e na outra um canudo com o qual faz bolas de sabão O balanço dança no seu ritmo de vai e vem enquanto as bolas voam. Um cachorrinho preto também quer fazer parte da brincadeira e fica bravo porque não pode. Late, pula... As bolas se desfazem, a corda se desprende, a tábua oscila e uma figura de espuma se desfaz – eis minha história.
Seu conto pode ser belo, mas sinto tristeza em sua voz, por outro lado nĂŁo mencionou Kay.
A quarta história vem dos jacintos. Três lindas irmãs: uma de vestido vermelho, outra de azul e a outra de branco. Dançavam junto ao lago adormecido, sob a luz do luar. No ar uma deliciosa fragrância. As me ninas desapareceram na floresta. O perfume ficou mais intenso e três caixões traziam as três belas irmãs. Eles vinham da floresta em direção ao lago. Pirilampos voavam com suas lanternas coloridas. O que aconteceu às meninas? Estão mortas ou apenas dormem? O perfume da noite atesta que elas morreram, os sinais da noite cantam hinos de finados.
Fiquei muito triste. Seu perfume é muito forte e me lembra as 3 meninas. – Será que Kay morreu? As rosas que estiveram no fundo da terra dizem que não.
A quinta história. Os sinos dos pequenos jacintos começaram a tocar. Não é para Kay que tocamos, afinal não o conhecemos. Essa é a nossa canção.
Gerda foi até eles e disse: – Tão pequeno você é, sabe onde posso encontrar meu companheiro? O botão de ouro olhou para Gerda e brilhava, ele também não sabia de Kay, mas tinha uma canção.
– Em uma pequena casa inundada pelo sol da primavera via-se crescer perto de uma parede muito branca, cresciam as primeiras flores amarelas da cor do ouro. O sol aquecia com seus raios aquele quintal, aquela casa. Uma avó estava sentada em sua cadeira. Sua neta era muito bonita e trabalhava como empregada doméstica, veio visitar a avó. Deu-lhe um beijo. Seu coração bondoso resplandecia como os raios de ouro do sol e aquecia o coração da avó. Esse é meu canto, essa é minha história.
Gerda lembrou-se imediatamente de sua avó e seu coração ficou apertado de saudade e de tristeza. Ela está duplamente triste por mim e por Kay. Em breve estarei de volta e Kay estará comigo. As flores não me dizem nada.
Gerda puxou seu vestido para cima para poder correr, mas sua perna encostou em um narciso. Ela parou e olhou para aquela planta comprida e amarela.
– Você saberia dizer alguma coisa sobre Kay?
Eis a sexta história. Somente vejo a mim mesmo. Meu perfume é maravilhoso! Do alto de um telhado, uma bailarina meio vestida dançava ora numa perna, ora na outra, ora nas duas, assim atraia toda a atenção das pessoas para ela. De uma chaleira ela faz cair a água sobre um pedaço de seu corpete. Um ambiente limpo e roupas limpas são muito importantes. Seu vestido branco está pendurado em um cabide. Foi lavado na chaleira e enxugado no telhado. Ela se veste e no pescoço traz um lenço cor de ouro que faz ficar ainda mais branco o vestido. De pernas para o ar ela permanece ereta e o narciso se vê nela novamente.
HistĂłria tĂŁo desinteressante!
Gerda correu para o outro lado do jardim, mas encontrou o portão fechado. Gerda estava toa aflita para sair que sacudiu o portão com tanta força e tantas vezes que a tranca acabou por ceder. Sozinha, descalça Gerda correu pelo mundo afora. Ninguém a seguiu. Por fim cansada, sentou-se numa grande pedra. Somente então percebeu que o verão tinha ido embora, que o outono já estava chegando. Isso ela não podia ver de onde ela vinha pois lá havia sol e lindas flores o ano todo.
– Estou muito atrasada! Já é outono, não posso n em descansar!
Levantou-se para continuar sua viagem.
Seus pés estavam doloridos e cansados. Já estava frio e muito úmido. As folhas dos salgueiros estavam amarelas e gotejadas pelo orvalho. Das outras árvores caiam sem parar as folhas já amarelecidas. Apenas os cedros mantinham-se firmes seus frutos não podiam ser comidos. Como tudo estava feio e sombrio!
Gerda estava novamente só em um mundo inóspito! Precisava continuar, mas estava muito cansada. Parou e descansou um pouco. A neve cobria todos os campos porém, saltitando bem a sua frente , um corvo a olhava.
– Croá ! Croá! Muito bom dia! – disse ele.
Queria ajudar aquela menina só! Ficou curioso para saber de onde ela vinha e para onde estava indo e, ainda, porque estava andando sozinha pelo mundo. Essa palavrinha “sozinha” Gerda conhecia bem o significado dela: semântico e lexical. Sabia muito bem que ela transmitia um sentimento de tristeza e de insegurança. Sentiu que poderia e precisava de fato confiar no corvo, assim narrou-lhe toda sua história e, como não poderia deixar de ser, perguntou-lhe se havia visto Kay.
O corvo nĂŁo disse nem que sim e nem que nĂŁo. Talvez...
Gerda ficou muito feliz! Seria possĂvel que estaria perto de reencontrar Kay? A menina nĂŁo se conteve e beijou o corvo muitas vezes, quase o sufocando.
Calma, calma, não disse que o vi, mas que poderia ser ele, que poderia ter visto alguém como o descrito por você. Desculpe, mas se for ele já deve ter esquecido você por causa da princesa.
– Ele mora com uma princesa? Perguntou Gerda.
O corvo começou a falar, mas estava difĂcil conversar com Gerda. VocĂŞ entende lĂngua de corvo?
– Eu nĂŁo, mas minha vĂł sim, ela fala atĂ© a lĂngua do P. Como eu gostaria de falar essas lĂnguas!
– Está bem, está bem. Vou contar tudo da melhor forma que puder. Espero poder esclarecer.
Assim...
– Nesse reino mora uma princesa muito, mas muito inteligente mesmo. Imagina, leu todos os jornais desse mundo e esqueceu todos de tão inteligente que é. Um dia desses estava ela sentada ao trono – desejo de muitos e privilégio de poucos, na verdade não sei se é bem um privilégio – pensativa e romântica a princesa começou a cantar uma musiquinha : “Devo me casar ou não!” –“Acho que é boa ideia” Tomada a decisão, começou a imaginar como deveria ser seu marido. Queria um marido de essência e não somente aparência. Reuniu imediatamente as damas de honra da corte e comunicou o seu desejo. Elas ficaram muito felizes e disseram que haviam pensado sobre isso num daqueles dias. Tudo que tenho contado para você até agora é a mais pura verdade. Tenho uma namorada que anda solta pelo palácio e ela me conta tudo o que se passa lá.
A namorada era corvo como ele pois corvos somente namoram corvos.
Os jornais iniciaram seu trabalho, com corações nos cantos e as iniciais da princesa descreviam como deveria ser o pretendente à mão da princesa. Lembrem-se, deveria saber conversar e responder as perguntas da princesa. Aquele que atendesse a esses requisitos, seria o escolhido.
Tudo Ă© a amis pura verdade. TĂŁo certo quanto o fato de estarmos aqui conversando.
Foi tudo uma loucura, mas nada de encontrar o marido certo. Foram dois dias de puta correria sem ĂŞxito. Fora do palácio, todos os rapazes falavam muito bem, mas ao entrarem no palácio ficavam tĂŁo deslumbrados com a riqueza, o ouro e a prata que se calavam. Na frente da princesa os rapazes ficavam mudos e nĂŁo conseguiam articular uma frase sequer, lá fora, eram todos prosa. A fila que se formava era enorme percorria toda a cidade atĂ© o palácio. Eu vi tudo contou o Corvo. Nada havia para beber ou comer enquanto esperavam. Os espertos traziam sanduĂches, mas nĂŁo os dividiam com os outros pois nĂŁo sabiam quanto tempo teriam que aguardar na fila e, caso desistissem, seria um a menos para concorrer.
Gerda queria saber sobre Kay.
– Quando ele chegou na fila? Estava entre aqueles que aguardavam na fila?
– Calma, para que tanta pressa? Vamos falar sobre ele. No terceiro dia apareceu um moço sem cavalo, sem carro, miúdo, mas confiante e audaciosos. Tinha nos olhos um brilho especial. Seus cabelos eram bonitos e longos, mas estava pobremente vestido.
– Só podia ser Kay! Finalmente o encontrei! Saltitava de alegria.
– Às suas costas trazia uma pequena mochila, disse o Corvo.
– Poderia ser o seu trenó, pois quando ele partiu levava às costas o seu trenó.
– Poderia ser, disse o Corvo. NĂŁo prestei muita atenção a ele. Tudo que sei sobre ele me foi dito por minha namorada. Os guardas do palácio nĂŁo o assustaram, nada o inibiu. Sentiu-se confortável. Cumprimentando-os pensou: “Deve ser muito aborrecido passar o dia todo aqui em pĂ© aqui na escada! Lá dentro deve ser melhor. Vou entrar.” Tudo era grandioso lá dentro. Suas botinas faziam um som horrĂvel, mas ele nĂŁo ficou constrangido.
– Certamente era Kay. Ele tinha v=botinas novas quando se foi.
Sem sentir intimidado foi até a princesa. Ela estava sentada em uma pérola tão grande como uma roda de fiar. Um batalhão de gente cercava a princesa, dos mais importantes ao mais humilde criado do criado. Mesmo o menor de todos os criados mostrava-se arrogante e pretencioso.
– Que coisa horrorosa, disse Gerda. E Kay desposou a princesa?
– Se eu não fosse Corvo e comprometido com minha namorada mansa a teria desposado porque quando falo a linguagem dos Corvos ninguém é mais eloquente do que eu. O rapaz continuava encantado porque estava ali, nem tanto para desposar a princesa, mas para ouvi-la. Porém conversava livremente com a princesa e ambos iniciaram uma conversa muito agradável e inteligente. Gostaram muito um do outro.
– Certamente era Kay. Ele é muito inteligente faz cálculos de cabeça, inclusive com frações. Leve-me até ao palácio, por favor.
– Vou tentar. Primeiro preciso conversar com minha namorada mansa. Tenho dúvidas se uma garotinha como você seria recebida lá.
– Tenho certeza que vou entrar. Quando Kay souber que estou aqui, vira buscar-me.
– Fique aqui, disse o Corvo.
Já era muito tarde quando ele voltou.
– Veja disse o Corvo, minha namorada manda-lhe lembranças. Trouxe também um pedaço de pão porque você deve estar com fome. Minha namorada tirou da cozinha porque lá há muitas sobras. Pela porta da frente do palácio você não poderá entrar, esta sem sapatos e os guarda engalanados de ouro e prata não deixariam você passar, mas minha namorada conhece uma passagem que leva até ao quarto do casal. Ela tem a chave da passagem e conduzira você até lá.
O Corvo e Gerda chegaram ao jardim. As luzes do palácio começaram a ser apagadas uma após a outra. Chegaram a uma porta dos fundos que estava apenas encostada.
O coração de Gerda estava disparado. Ela sentia medo e desejo. A impressĂŁo que tinha era a de que estava fazendo algo errado. Contudo ela queria apenas saber se o rapaz era ou nĂŁo Kay. Seus pensamentos estavam confusos, deveria sim ser ele. Sua memĂłria correu para o tempo em que brincavam juntos. Lembrava-se de seu sorriso. Sabia que ele ficaria feliz em ve-la e o motivo por estar ali. Todos em casa estavam ansiosos por ter notĂcias dele. Tanto sofrimento e tanta angĂşstia!
Já estavam na escada. Uma pequena lâmpada os ajudaria a seguir em frente. O corvo manso ficou feliz em ver Gerda e disse palavras elogiosas a ela. Ofereceu-lhe a lamparina e disse que iria na frente pois conhecia melhor o caminho.
– Ouço passos! Alguém nos segue??!! Vi imagens cavalos em velocidade, longas crinas e formosas pernas, caçadores, cavaleiros, damas...
– Não há ninguém, são os sonhos. Eles acompanham os pensamentos dos nobres senhores quando estão em suas camas. Quero ver se, depois de tudo passado, a senhorita vai mostrar gratidão por tudo que fizemos.
– Tenho certeza que sim, disse o outro corvo.
Foram passando por salas, cada uma mais rica e bela do que a anterior. Sedas, ouro e prata se misturavam deixando os ambientes muito bonitos. Os sonhos continuavam passando por eles tĂŁo depressa que Gerda nĂŁo conseguia ver o senhor e a senhora. Chegaram ao dormitĂłrio. Esse o mais rico de todos os ambientes. No centro da sala duas camadas uma branca, a da princesa e a outra vermelha, a do prĂncipe. La deveria estar Kay. Afastou uma das pĂ©talas que cobria a cama e viu uma nuca morena. Era Kay. Falou seu nome em alta voz e aproximou a lâmpada de seu rosto. Os sonhos voltaram ao local, o rapaz acordou e... nĂŁo era Kay.
A essa altura aprincesa também acordou. Queria saber o que estava acontecendo. Gerda começou a chorar e contou-lhes toda sua história.
Ficaram com pena de Gerda e felizes porque os corvos tentaram ajuda-la, mas eles deviam tomar mais cuidado de uma prĂłxima vez. Foram recompensados pela princesa e pelo prĂncipe.
– O que preferem, voar livremente ou terem um lugar fixo com direito a todas as sobras da cozinha? Eles fizeram uma reverência e optaram por um lugar fixo. Pensavam em seu futuro e em sua velhice.
O prĂncipe levantou-se e deixou Gerda dormir em sua cama. Ela estava muito agradecida a Deus pela bondade dos homens e dos animais. Todos os sonhos voltaram a encher o quarto e ela dormiu profundamente. Nos sonhos, Gerda viu Kay sendo puxado pelo trenĂł e acenando para ela. Tudo nĂŁo passava mesmo de um sonho que evaporou quando ela acordou.
No dia seguinte os prĂncipes vestiram Gerda dos pĂ©s Ă cabeça de veludo e seda. Convidaram a ela para ficar para sempre no palácio onde tudo teria. Mas ela preferiu continuar sua viagem. Pediu a eles que lhes dessem um pequeno carro, cavalos e botas para continuar sua jornada em busca de Kay. Assim foi feito. Deram a ela muitas roupas e ao partir, esperava-a Ă porta uma carruagem de ouro, com uma estrala e as armas do prĂncipe e da princesa. Os cocheiros tambĂ©m estavam muito vestidos com ouro e coroas. Os prĂncipes desejaram a ela boa sorte. Os corvos que, a essa altura, já estavam casados, o corvo sentou-se a seu lado e viajou com ela por 3 milhas. Sua espeosa nĂŁo o acompanhou. Estava com dor de cabeça. Desde que optaram por emprego fixo ela apresentava esses problemas porque comia demais.
Havia muita comida dentro da carruagem, de forma que Gerda nĂŁo passaria fome.
– Adeus gritaram os prĂncipes!
Gerda chorou, a esposa do corvo chorou. Em dado momento da viagem, o corvo também se despediu. Essa foi a mais dolorosa de todas. Ele voou bem alto, sentou-se em uma árvore e ficou batendo as asas negras sem parar. Acompanhava com o olhar o carro que se distanciava.